Nunca fui boa, em consolar ou confortar amigos ou conhecidos, diante de uma perda. Sempre me limitei a um abraço carinhoso, a palavras e promessas de um futuro melhor e próximo! Porém ao olhar nos olhos daquele homem me obriguei a fazer alguma coisa. Ele era, alto, basicamente forte, chorava interruptamente e dizia coisas as quais não pude entender. Parecia terrivelmente, derrotado e abatido pelo seu maior inimigo - A morte - e não se conformava com o ocorrido. Vi sobre seus ombros a pior dor do mundo e notei que ele não fazia esforços para esconder, que não a suportava! Eu caminhava em direção a minha casa, e me sentia estranhamente feliz mesmo diante de todos os meus problemas atuais, quando o vi. Ao cruzar com Ele em meu caminho, abraçado a um nobre ser humano que tentava acalmá-lo, me senti culpada por minha notável felicidade e tentei escondê-la. Foi fácil, pois ao ouvir seu exacerbado choro, senti meus olhos, umedecerem e um sentimento de compaixão tomar conta de todo o meu corpo. Diminui meus passos frenéticos, que traduziam bem, o quanto eu ansiava por chegar logo em casa, tomar um banho e comer alguma coisa, já que eu não o fazia desde o amanhecer. Quando parei ao seu lado, derramei algumas lágrimas, que acompanharam as dele até ao chão. Ele se livrou dos braços que os envolvia, na tentativa de consolá-lo, e me olhou com curiosidade. Acenei para Ele, e o mesmo derramou mais lágrimas como quem me convidava a me aproximar. Dei três passos em sua direção e fui surpreendida quando ele estendeu, para mim, sua mão direita e avistei nela um "bambolê" rude, imponente e perspicaz. Lhe concedi o direito de tocar em minha mão, fazendo com que minhas duas alianças, tocassem a dele, e me aproximei de cabeça baixa e ensaiando, talvez, o que lhe falar. Ele ergueu minha cabeça, tocou meu rosto e sorriu. Ajeitou o meu cabelo e me pediu para que parasse de chorar. Com uma voz trêmula, lhe disse que a condição para o mesmo acontecer, seria que Ele também cessasse seu choro. O abracei, na ponta dos pés, e ele percebendo a minha desconfortável posição, se inclinou, me permitindo voltar ao chão. Não consegui dizer absolutamente nada além de 'sinto muito' e Ele pareceu não se importar com isso. Quando me preparei para soltá-lo, o mesmo, me disse entre soluços: "Você me lembrou muito Ela! Obrigada!" E como uma faca transpassando o meu peito, pude entender o por quê de tanto desespero. Ele perdeu sua amada. A responsável por aquela aliança, ao me ver, de um recente noivado. A dona de seus olhos e coração. E coincidentemente, eu o lembrava Ela. Desconheço os motivos da morte, assim como não o conheço. Nunca o vi antes em minha vida, e se quer, depois.
Mas nunca o esquecerei, por ter tido a possibilidade de ajudá-lo, e provar, o mínimo que seja, do grande amor que Ele move, por aquela mulher.
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